Gômer, a esposa infiel

“E comprei-a para mim por quinze peças de prata, e um ômer, e meio ômer de cevada; e ele lhe disse: Tu ficarás comigo muitos dias; não te prostituirás, nem serás de outro homem; assim também eu esperarei por ti.” (Os 3.2-3).

O profeta Oséias trouxe a palavra de Deus nos dias de grandes riquezas e muita fartura em Israel (reino do Norte) e em Judá (reino do Sul). O povo buscava o que era supérfluo e esbanjava seu dinheiro em prazeres e luxúrias carnais. Escolheram para si deuses falsos e os serviram, abandonando o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o único e verdadeiro Deus.

Esqueceram-se do cuidado do Senhor na trajetória de sua história, desde a preservação da família de Jacó em tempos de fome, quando o Senhor levantara José no Egito, até sua libertação do jugo de Faraó... Esqueceram-se da presença real da nuvem, qual toldo que os cobrira durante o dia, abrigando-os do sol quente...

Por várias vezes o Senhor chamou o seu povo à sensatez, mostrando-lhes que os povos ao seu redor não trocavam os seus deuses por outros, posto que não eram deuses. Os filisteus adoravam Dagom (seu deus nacional), os moabitas adoravam Camos, os amonitas, a Moloque, os fenícios, a Baal, e eram fiéis aos seus “falsos deuses”. E, Israel, que tinha tão linda história de sinais e maravilhas operadas pelo seu Deus verdadeiro e Criador de todas as coisas, havia se apartado de seus caminhos...

Deus levantou o profeta Oséias, cujo nome significa “salvação”, ou “Deus é salvador”, para falar a Israel sobre a sua aliança com o Senhor. A aliança firmada com os patriarcas: Abraão, Isaque e Jacó. A aliança confirmada com Moisés, quando este desceu do monte, quando o povo se arrependeu de sua “prostituição espiritual” e levantou o “tabernáculo” no deserto para adorar ao Senhor de todo o coração. Mas Israel era um povo de “dura cerviz”... E, para lhes revelar como ficava o seu coração com tanta infidelidade, Deus demonstrou na vida de Oséias e no seu casamento com Gômer a realidade espiritual do seu povo.

Oséias se casa com uma moça de quem gostava. De seu casamento nascem três filhos, aos quais o Senhor orienta que tenham nomes proféticos: Jezreel, o primogênito, Lo-Ruama, a filha do meio, e Lo-Ami, o caçula. Nesses nomes Deus falava a respeito do que aconteceria com seu povo.

O nome Jezreel significava “Deus dispersará”. Na realidade isto aconteceu a Israel. Eles foram dispersos pelo mundo todo por causa de sua infidelidade ao Senhor. Entretanto Oséias falou da promessa de serem reajuntados no final dos tempos (o que se cumpriu em nossos dias).

O nome da menina, Lo-Ruama, significava “desfavorecida”. O Senhor precisaria deixar o seu povo passar por várias provações para que fosse “curado” da idolatria. Eles foram levados cativos para Babilônia e, ali, Deus mostrou que os disciplinava para o seu próprio bem. Eles foram novamente favorecidos pelo poder de Deus e regressaram para Israel com o coração convertido.

O nome do caçula, Lo-Ami, significava “não-meu-povo”. Mas Deus lhes disse que voltariam os seus corações a ele e seriam novamente reunidos na Terra Prometida como o seu povo.

Depois de nascidos os meninos, Gômer saiu de casa. Abandonou os filhos e o marido e foi viver uma vida de prostituição. Ela não pensava na família, no marido, nos filhos, mas apenas em si mesma. Hoje também, muitas mulheres são atraídas à vida de prostitutas através de propagandas mentirosas nos jornais, e a falsa idéia de “ganhar dinheiro fácil”. Naquela época de declínio espiritual a prostituição e o adultério eram considerados como “normais” na sociedade depravada de Israel. Os cultos idólatras tinham a prostituição decretada e já estava “infiltrado” no meio do povo.

Sempre que alguém se distancia de Deus, o inimigo coloca em sua cabeça o “egoísmo” de viver a própria vida e de ser “feliz” com o que lhe dá prazer. Quem sabe, nos primeiros dias de prostituição, Gômer conseguiu muito dinheiro e comprou muitas coisas das quais gostava... Roupas, jóias, bom apartamento, móveis bonitos... Mas o pecado tem o seu preço. A Bíblia nos diz: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).

O prazer do pecado é transitório e não preenche o vazio do coração. A ilusão das coisas do mundo logo mostra a sua realidade. E Gômer se endividou. O dinheiro que esperava não entrou... E, como naquela época os devedores pagavam suas dívidas tornando-se escravos dos seus credores, Gômer foi levada ao mercado de escravos.

A linda esposa de Oséias estava exposta no mercado de escravos como uma prostituta rejeitada... E ele a comprou para si. Comprou-a de volta, não para ser-lhe escrava, mas para voltar à sua digna posição de “esposa”. Ele poderia humilhá-la pelo que lhe fizera, dizendo-lhe palavras duras e tratando-a como ela o tratou, isto é, com indiferença e desprezo. Entretanto Oséias a amava e restaurou a sua posição no lar.

Você pode imaginar o coração de Gômer quando foi comprada por Oséias? Como ela já devia ter sofrido na prostituição e como o arrependimento já batera em seu coração? Você pode imaginar a sua gratidão pelo perdão do marido e pela nova chance de ser uma “senhora honrada”? Você pode imaginar a felicidade dos filhos quando viram a sua mãe voltar para casa?

A Bíblia não nos fala por quanto tempo Gômer esteve longe de casa, na prostituição, mas, ao voltar, Oséias disse-lhe que haveria um tempo em que ficaria se purificando de suas imundícias. Ou seja, ela deveria estar toda contaminada com doenças do pecado. Ficaria um tempo para se purificar. Para pensar. Para decidir e se santificar para o seu marido.

O coração de Deus é também assim perdoador. Se você tem andado longe de seus caminhos, volte hoje, Ele te ama e quer restaurar sua vida. Se você tem pensado em deixar o seu marido e seus filhos, pense na história de Gômer. O egoísmo e o prazer do mundo não compensam. Valorize sua casa. Valorize seus filhos. Valorize seu marido. Valorize a aliança de Deus em sua vida e seja uma mulher santa e fiel.

Por Pastora Ângela V. Cintra.

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