“E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.” (Lc 10.38).
Na pequena vila de Betânia, próxima a Jerusalém, moravam três irmãos: Marta, Maria e Lázaro. Solteiros e felizes eram estimados por todos. Marta era a irmã mais velha. Era uma moça dinâmica, disposta e muito trabalhadora. Sua casa era impecável. Tudo muito limpo e organizado. Os adornos eram escolhidos com muito bom gosto, os móveis, apesar da simplicidade, eram bem cuidados e valorizados pelo senso estético de Marta. Sendo perfeccionista, Marta também se saía bem na cozinha. Seus bolos, assados e as ceias que preparava eram saborosíssimos e recebia sempre elogios.
Não sabemos há quanto tempo eles tinham perdido seus pais, mas Marta estava no lugar de mãe para os dois irmãos. Lázaro e Maria acatavam as orientações de Marta sem qualquer questionamento. Provavelmente, Lázaro era o caçula da família, e os três deveriam ter idade aproximada à de Jesus de Nazaré.
Eles já deveriam ter tido algum contato com o Mestre, ou ouviram falar dele: de seus ensinos, de seus milagres, de sua autoridade e convicção em sua missão. Certamente Marta, Maria e Lázaro também estavam aguardando a manifestação do Messias prometido, pois eles, e todos os que estudavam e ensinavam as Escrituras, sabiam que aquele era precisamente o tempo do cumprimento profético. Jesus ia, todos os anos, a Jerusalém para comemorar todas as festas religiosas da nação, e Lucas escreve: “E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.” (Lc 10.38).
Marta e seus irmãos estavam acostumados a ver o movimento do povo vindo para Jerusalém. Os romeiros vinham de longe, cantando pelo caminho, em grande alegria com os familiares, e repartiam histórias e experiências durante a jornada. Betânia se enchia nessas ocasiões. Havia o trânsito dos que vendiam, dos viajantes, dos que ofereciam pousadas e hospedarias. E, com a chegada de Jesus de Nazaré à aldeia, Marta se apressou e oficialmente convidou o Mestre.
Jesus a acompanhou com os seus discípulos. Ele não parava de ensinar, de responder às dúvidas e questões das pessoas, de curar os enfermos, de anunciar as boas-novas do Reino de Deus e de abençoar a todos que queriam tocá-lo. E ele entrou na casa de Marta.
A anfitriã logo começou os preparativos para servir Jesus com tudo o que tinha de bom e de melhor. Acomodação para o seu descanso, quem sabe, para os discípulos também... Arrumar o conforto para um banho ou lavar os pés... Uma pequena refeição antes da ceia. Algumas frutas, biscoitinhos... Enfim, Marta queria servir ao Senhor com excelência.
Entretanto, houve um pequeno inconveniente: é que Maria não vinha para ajudá-la. Lucas diz: “E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.” (Lc 10.39). Ou seja, Maria ficou entre os ouvintes e discípulos de Jesus, escutando os seus ensinos, e, maravilhada com o que aprendia dele, ela se esqueceu que também era anfitriã. Enquanto isso, Marta passava pela sala toda hora, fazendo sinais para Maria, chamando-a para vir ajudá-la. A situação foi ficando crítica, pois Maria não se movia do lugar. Ela queria aproveitar de cada palavra de Jesus. Cada gesto dele era alimento para ela. Cada olhar, cada ensino ia caindo como chuva em terra sedenta. A semente da Palavra nos lábios de Cristo era viva e germinava no coração ardente de Maria.
Marta, então, resolve apelar para Jesus. Não era possível mais ela continuar a trabalhar sozinha. Ela precisava de Maria para “descascar o alho”, para ir “picando a cebola”, para colocar a “toalha e os guardanapos na mesa”, para “fazer o suco”, para... E o que mais estava cansando Marta era a inércia de Maria. Ela não estava fazendo nada. Absolutamente nada. Jesus precisava ajudá-la a colocar ordem na casa. Lucas descreve o que aconteceu: “Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” (Lc 10.40-42).
Jesus mostrou para Marta que o “perfeccionismo” coloca os olhos em coisas e perde a essência da vida. Enquanto Marta perdia tempo com flores, comida, cama, sabonete etc., ela perdia a alegria da presença de Jesus em sua casa. Ela desperdiçava seus ensinos. Ela não dava valor ao que é necessário unicamente para o ser humano: a comunhão com Cristo.
Geralmente as pessoas que se afadigam para servir ao Senhor na força de seu braço, isto é, confiando em sua capacidade e performance, estas se cansam e não recebem o elogio do Senhor. É trabalho perdido. Tente observar, querida irmã, se você não está trabalhando em vão... Cuidando do que é passageiro e deixando o que é eterno e durável para trás. Quem sabe você tem uma casa impecável, como Marta, mas não dá a atenção devida ao seu filho... Você zela por sua carreira profissional e não olha para o seu relacionamento conjugal... Você se afadiga com tantos trabalhos, até mesmo “hospedando Jesus”, buscando servi-lo, mas deixando de ouvi-lo, de obedecer às suas ordens, de colocar em prática a sua vontade...
Tempos depois dessa experiência, Marta se confronta com a realidade da doença do irmão e manda avisar Jesus. Ela tinha a certeza de que ele se apressaria para atendê-la, pois amava a Lázaro. Entretanto, o Mestre não veio logo e aconteceu a morte de seu irmão. Quando Jesus chegou, já havia quatro dias que Lázaro morrera. Será que Jesus tinha falhado com sua amizade e amor?
Marta disse a Jesus, quando o viu, que, se ele estivesse em Betânia, quando ela mandara chamá-lo, seu irmão não teria morrido. Ela sempre estava “puxando a orelha dos outros”, querendo tudo certo, e sem desculpas... Novamente Jesus lhe deu uma lição de fé: “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” (Jo 11.25-26). A resposta de Jesus para todo “perfeccionista” é olhar o que é essencial e não o passageiro e efêmero. E, depois, em sua lição espiritual de fé, ele mostra que ainda que tudo pareça perdido e morto, ele é a vida e a ressurreição dos sonhos e da alegria de viver.
Pastora Ângela V. Cintra
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Parabéns Pastora!
ResponderExcluirnunca tinha ouvido algém comentar esta passagem biblica desta forma.
Que o Senhor continue te usando grandemente.
Bjo!