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Uma vez, andando pelo centro da cidade, vi uma cena que jamais esquecerei: um garotinho dormindo na rua e, por debaixo de suas pernas, corria uma água suja, como que de esgoto. Aquele garoto, embora dormindo, estava sozinho. Sem pai ou mãe. Abandonado, à mercê do mundo. E só Deus sabia a história de vida daquele menino.

Como aquele garotinho, nós também estamos sujeitos às mesmas dores e aos mesmos sentimentos. No entanto, uma coisa importa: como lidamos com o fato de vivermos ou nos sentirmos sozinhos? Nos autocomiseramos ou nos prostramos diante do Pai?

Os salmos 27 falam muito bem disso. Durante 13 versos, vemos Davi almejando a presença de Deus por causa das perseguições pelas quais estava sujeito. Apenas no último verso, 14, vemos que há uma condição para tal: “Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor.”

É complicado, ainda mais quando somos cristãos. Esperamos que o nosso pastor esteja disponível 24 horas por dia, que o nosso irmão retorne nossos telefonemas, que o namorado(a) supra qualquer ausência, que os pais estejam mais presentes, ou vive-versa. Por causa disso, vivemos numa constante pressão que nos tira a paz e nos faz enxergar que a nossa vida não dura um segundo. Que tudo o que nos resta é a solidão. Que estamos sozinhos em meio à multidão. Que em meio ao culto de celebração ao nosso Deus, nosso coração não passa de um corpo que deveria estar sob o óleo de alegria, mas está sob o manto da solidão.

O coração chora por dentro. E por fora mostramos largos sorrisos porque não queremos que as pessoas nos vejam tal como somos. Em meio às angústias, olhamos no espelho a pessoa que realmente depende de Deus. Você já experimentou isso? Já se olhou no espelho enquanto lágrimas rolavam pela face? A pessoa que você vê é a que Deus espera na presença dele.

De repente o garotinho fora abandonado pelos pais e dependia apenas do que as ruas tinham a lhe oferecer. De repente, você nem foi abandonado pelos pais, mas sim pelo seu amigo, aquele que dividia o pão com você; pelo seu namorado que dizia que você era tudo para ele ou pelo seu esposo que dizia diariamente o quanto a amava. Não importa. Quando alguém que amamos nos deixa ou não supre nossas expectativas, vemos que o sentimento de solidão é o mesmo e só alguém poderia ser capaz de entendê-lo: Jesus. Ele também se sentiu só.

No entanto, mesmo que se sentir só seja tão cruel (porque, afinal, sempre pensamos: isso e tão injusto!), vemos na vida do salmista Davi a fidelidade do Senhor e o desejo que deveria haver em nosso coração: habitar e esperar na presença de Deus. Na presença doce do Todo-Poderoso na qual não há miséria, não há dor, não há aflição, não há pobreza de qualquer tipo, não há solidão. Porque ainda que o seu pai e sua mãe abandonassem você, o Senhor, nas palavras do salmista, “lhe acolheria”. Deus acolhe tantos quantos chegam à sua presença. Às vezes, achamos que não somos dignos de tal carinho da parte de Deus porque estamos feridos pela aparência desse mundo, que passa.

Tudo passa. A dor passa. A solidão passa. As lágrimas. Mas a presença de Deus é o que dura para sempre. Por mais que Satanás diga que você não é nada para Deus, Deus diz para você: “Eu o acolho em minha presença”. Deseje essa presença. Deixe o trono da altivez e do orgulho e prostre-se com o rosto em terra dizendo que tudo o que você precisa é dele. Toda a sua esperança e motivações coloque diante dele. Não o perca de vista. Não deixe que o Pai perca você de vista nesse mundo tão grande e tão mal. Em momentos de pavor e lágrimas de terror, agarre-se nos braços do Criador. A um Deus fiel que lhe acolherá e, assim, você não se sentirá mais sozinho. Nem por um minuto.

Jaqueline Santos
Colaboradora do portal Lagoinha.com
Ministra de Louvor da Igreja Batista Ministerial da Família. jackprearo@hotmail.com / www.jaquelinesantos.zip.net / www.ibmdaf.org.br

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