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Eu tinha que ir a aula na faculdade à tarde e, como de costume, cheguei ao ponto de ônibus por volta das 15h40. Esperei... esperei... e nada do ônibus vir! Comecei a perguntar a Deus o que ele queria falar comigo, pois algo estava estranho. Um ônibus que passa a cada 10 minutos demorar quase 40? Comecei a ficar atenta para perceber o que Deus queria comigo naquela tarde. De repente, algumas crianças com seus pais começaram a sair de uma escola e se aglomeravam no ponto de ônibus. Observei que as suas vestimentas eram da Sociedade Pestalozzi da Bahia, uma entidade que trabalha com o ensino de crianças excepcionais. Algumas delas tinham Síndrome de Down – uma anomalia genética que retarda o crescimento cerebral do indivíduo. Outras eram ainda mais especiais ou com algum tipo de desvio motor, obrigando os seus pais a ajudá-las na locomoção. Fiquei observando cada um deles e o semblante de seus pais. A maioria demonstrando cansaço em seus rostos, tristes da luta diária. Algumas “crianças”, aparentemente, possuíam mais ou menos 28, 29 anos. Neste instante, minha mente foi tomada pela lembrança do nascimento de um bebê.

Um filho é sempre uma bênção, um presente de Deus! Toda a atmosfera do casal é completamente inundada pela presença daquele novo ser que vai chegar. É a escolha do enxoval, do nome, arruma daqui, pinta dali... Tudo começa a ser organizado para o nascimento daquela criança. Os pais começam a imaginar o que ele vai ser quando crescer: jogador de futebol, médico, engenheiro, motorista... Os sonhos daqueles pais, a partir de agora, serão realizados por meio daquele filho. Aquilo que eles não conseguiram conquistar serão transferidos para o filho ou filha que logo vai nascer. E aí chega o tão esperado dia: o dia de conhecer a face daquele que foi aguardado por nove meses! Que alegria! Que festa!

Eu e você nascemos saudáveis, sem nenhum problema físico ou mental. Quantos sonhos o meu pai e minha mãe tiveram em relação ao meu futuro, à minha vida profissional! Quanto investimento meus pais fizeram para que eu pudesse proporcioná-los momentos de alegria, de dever cumprido, de satisfação. Eu nasci perfeita, sem nenhum problema grave que impedisse, perante a nossa sociedade, o meu desempenho. Consegui realizar alguns dos sonhos dos meus pais e concedê-los momentos de felicidade. Mas com aquelas crianças que eu vi naquele ponto de ônibus, tudo foi diferente. Elas nasceram “fadadas” a estarem excluídas do convívio das pessoas “normais”. E aqueles pais? Quantos sonhos eles tiveram para os seus filhos em vê-los médicos, advogados, professores... e nenhum destes poderá, pelo menos teoricamente, ser realizado! Que “peso” aquela criança foi ou ainda é para seus pais! Elas precisam de cuidados especiais, de atenção redobrada, de um carinho especial.

Naquela tarde Deus queria me dizer que com ele acontece a mesma coisa: ele nos criou, nos gerou, nos formou e depositou em nós sonhos. Sonhos que ele tem no seu coração e que deseja vê-los realizados em nós. Seu planejamento é feito para que seus propósitos sejam cumpridos por meio das nossas vidas. No Éden, quando Adão foi criado, Deus depositou nele todo o desejo de ver a terra povoada e repleta da sua glória, vivendo somente para o louvor e adoração do seu santo nome. Adão pecou e quando satanás pensou que os sonhos de Deus não seriam mais realizados, o Senhor enviou o seu único filho, Jesus, para que o seu projeto continuasse. Deus nos amou e nos ama de tal maneira que se entregou para morrer numa cruz, afim de que todo aquele que nele crê não morra, mas tenha a vida eterna (João 3.16).

E hoje estamos aqui. Fomos criados para manifestar a glória de Deus na terra. Ele, ao nos separar, disse: “Este será para mim vaso de honra, escolhido para o louvor da minha glória.” (At. 9.15.) Os sonhos e anseios do nosso Pai Celestial estão depositados em nós, porém, muitas vezes temos sido filhos problemáticos, que não realizam os desejos, os sonhos do seu Pai. Você sabe quais os sonhos de Deus para a sua vida? Já escutou o Senhor dizê-los a você? Os sonhos de Deus têm sido realizados através da sua vida? O que você tem feito? Tem valorizado todo o “investimento” que o Senhor tem feito em você?

Ah! como me arrependo do tempo que perdi fazendo ou pensando em outras coisas, agindo de forma a desagradar o meu Pai! Com eu gostaria de, dia após dia, ser uma filha que está em total obediência, que deseja desesperadamente agradar ao seu Pai! Como é difícil! Como é difícil não se preocupar, não se entristecer com as assolações, com as tribulações, com os problemas que nos atingem! Como é complicado servir e obedecer ao nosso Pai. Como é difícil ser contra o padrão que o mundo nos impõe! Como é difícil impedir que o pecado tome conta da minha vida! Quantos sonhos e projetos Deus depositou em mim e tenho deixado de realizar!

Houve um homem na Bíblia que tinha esse enorme desejo no coração. O desejo de agradar o seu Pai, mas vivia deixando as “anomalias” (pecado) tomarem conta da sua vida. No Salmo 51 ele, desesperadamente, clama por misericórdia, por cura para a sua doença. Davi pede para que o seu Pai o limpe, o cure. Que tire dele a enfermidade que é vermelha como sangue e a torne mais alva que a neve (v. 7). Assim devemos também clamar. Pedir ao Pai que tire de nós toda a iniqüidade, todo o tipo de pecado que tão de perto nos assola!

Que ele realize através de nós seus sonhos! Que possamos ter a consciência de que os anjos queriam estar em nosso lugar, mas a nós foi dada esta oportunidade. Que não existe nada melhor que adorar, exaltar e agradar aquele que nós amamos e que nos ama também. Você é dele. Eu sou dele. E para ele é que fomos criados (Rm. 11.36). E que este seja o nosso desejo: a cada dia agradar, glorificar e realizar os sonhos do nosso Amado Pai.

Deus lhe abençoe,

Renata Lima
Pedagoga. Líder do Ministério de Coreografia da Primeira Igreja Batista em Pirajá – Salvador/BA
renatalima5@bol.com.br / renaedani@ig.com.br

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